segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Muito mal... na Marginal - Corrida do Tejo 2014


Pois é... Não há milagres... Nem Super-Homens... E desta vez tive que pagar pelo meu atrevimento.
Preparar a participação numa prova (mesmo que seja de 10Km) obriga a algum cuidado, atenção e dedicação. E nada disso foi acautelado na minha participação na Corrida do Tejo 2014, consequentemente... a corrida correu mal.

Esta é uma das provas que mais gosto, pelo percurso, pela organização, pela quantidade de participantes, é decididamente uma prova muito agradável de participar (já a tinha realizado nos anos 90), mas, mais uma vez, a preparação foi ignorada e o resultado ficou á vista... Para quem queria "atacar" o minuto 50' após o Verão (mesmo após um satisfatório resultado na Mini de Luanda), correr esta prova sem treinar a semana inteira, sem uma alimentação adequada e agravada ainda pelo calor matinal que se fazia sentir, esta foi uma boa lição para aprender para o futuro.

Confesso que estava bastante entusiasmado para a Corrida do Tejo 2014, o percurso é excelente e as indicações trazidas da última prova (6 Km a menos de 5min/Km), deixavam-me ansioso para esta manhã solarenga e bastante agradável, com a companhia de 9.800 pessoas que encheram a marginal de Algés até á Praia da Torre em Carcavelos.

Fiquei no "slot" dos SUB-55', por indicação aquando da inscrição e graças aos 52,06 da corrida da UNICEF em Julho. Uma vez mais, lá estava o "teaser" dos 55 minutos, para fixar, acompanhar e previsivelmente ultrapassar.

Quando se dá a partida, percebo que estou perto da dianteira, que a grande maioria dos participantes não identificaram o seu tempo de referência, acumulando-se numa gigantesca "slot" 20 metros atrás de mim, excelente organização, porque assim não necessitaria de andar em gincana a ultrapassar os mais lentos.

Numa passada regular percorremos a recta do Dafundo até à subida junto ao Estádio Nacional, sem qualquer dificuldade, apenas o calor começa a "apertar"... Quase logo de seguida vem a descida para Caxias, que se faz em bom ritmo, já que dali a 1 Km esperamos ter o desejado abastecimento.

Depois de abastecido, há que retomar o bom ritmo desenvolvido até aqui, alcanço o Km 4 com 21.47, o que é muito perto dos 5 min/Km, excelente ! Consigo colar-me a um companheiro dos "Galgos de Tancos", provavelmente militar, que impõe uma passada forte e regular, tal qual eu desejo e vou acompanhando-o conforme posso, já que o calor vai deixando mossa e o cansaço sobre as pernas obriga a um esforço mental reforçado.

Com a passagem do 6º Km tenho que baixar o ritmo, um novo abastecimento estará perto, mas as pernas já não aguentam... tenho mesmo que reduzir... aproveito para beber um pouco de Gel energético para tentar recuperar forças para o último terço da corrida.

Vem então o segundo abastecimento, e aqui... infelizmente sou obrigado a parar... o calor, a falta de treinos e o excessivo andamento inicial tinham deixado "mossa". Depois de refrescado, continuo... agora um pouco mais lento, encostado à berma procurando a sombra das árvores.... encontro alguns companheiros também em dificuldade que estão a reduzir o ritmo. Vou com eles...

Após o Km 7 vem a descida para Oeiras, dá para retemperar do esforço... mas é sol de pouca dura, porque logo a seguir vem aquela interminável subida para Carcavelos, horrível... o cansaço acumulado acaba comigo... e a subida é feita quase a passo... é ali que sou ultrapassado pelo teaser dos 55' ... que desilusão, até ali vinha com um bom tempo... há tempo para refrescar sob um "repuxo" e para olhar para as claques organizadas que puxam pelos participantes, mas é duro... está a ser muito difícil.

Finalmente o piso endireita... e surge um placard alertando que "9 Km já estão, só falta um último esforço"... bem, afinal está quase... vamos tentar recuperar, aumento a passada, mas ao reparar que a viragem para a meta não ocorre nos semáforos... vem outra vez o desânimo. Afinal o retorno é só na rotunda de Carcavelos, ainda faltam 500 metros... No entanto, vamos vislumbrando os companheiros mais adiantados já a passar em sentido contrário.

A rotunda parecia enorme, aquela circunferência nunca mais acabava.... e aquele esforço efectuado após a subida, deixou-me completamente "de rastos"... Vou passando juntinho ao imenso público que ali se acumula, para tentar encontrar ânimo para os últimos 200 metros, olho para o relógio e vejo que já entrei no minuto 55, penso que será um mau tempo, face ás expectativas.... não muito, mas 2 ou 3 minutos a mais do que o desejável....

Termino com 55:21... um tempo decididamente fraco, para aquilo que desejava fazer, mas considerando o erro da fraca (ou inexistente) preparação... é uma lição para as próximas corridas.



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Baía de Luanda



Tendo viajado para Angola por motivos particulares, deparo em pleno aeroporto de Luanda com o anúncio da 2ª edição da Meia Maratona Internacional Cidade de Luanda, que se realiza precisamente durante a minha estadia na capital Angolana. Ora nem mais apropriado, há que enviar um e-mail à organização e procurar uma forma de me inscrever.

A resposta foi quase imediata e de um emissor surpreendentemente deveras conhecido... Domingos Castro, o ex-atleta do Sporting e reconhecido fundista é o Director da prova e convida-me a aparecer junto á Baía na Sexta-feira para me inscrever na "Meia Maratona mais bonita de África".

Foi por um triz que não aceitei o desafio. A prova realiza-se ao longo da bonita e renovada Baía de Luanda, prosseguindo até ao final da Ilha de Luanda e regresso, num percurso plano e bastante agradável. Confesso que andei muito entusiasmado com a ideia (louca) de me estrear na distância (21 Km) numa cidade como Luanda. Até os treinos, infelizmente em passadeira no ginásio do Hotel, apontavam nesse sentido já que aumentei a kilometragem e a duração dos mesmos...

Mas na véspera de efectivar a inscrição, e após um treino mais prolongado, uma ligeira dor nos joelhos, acalmou o meu entusiasmo e obrigou-me a reflectir se seria "apropriado" arriscar uma Meia Maratona sem um plano de treinos mais adequado e planeado, ainda por cima sem qualquer apoio quer dentro, quer fora da prova. Decidi-me pela Mini de apenas 6 Km, que serviria como treino e permitiria usufruir igualmente da magnifica paisagem da bela marginal ao longo da Baía.

Foi com este pensamento que no dia seguinte dirigi-me à zona da meta, onde o "circo" já estava a ser montado e onde deparei com o Domingos Castro na habitual azáfama preparatória e respondendo-me : "Epá ! Tens é que ir fazer a Meia." ... Sorri mas, jogando à cautela, inscrevi-me nos 6 Km.

Com a partida marcada para as 8 da manhã, há que levantar cedo e agradecer a boleia do camarada Isaac, que mesmo após uma noitada de festa de casamento, logo se prontificou para me levar ao local da prova. A avenida marginal de Luanda já se encontrava fechada ao trânsito e por todo o lado vislumbravam-se participantes, devidamente equipados, a grande maioria com a camisola oficial da prova.

Um ligeiro aquecimento enquanto aguardo a chegada da hora, e cinco minutos antes vamos dividir-mo-nos no ponto de partida entre os que vão competir na Meia, e os que, tal como eu, apenas se vão divertir nos 6 Km. A divisão era muito semelhante, o que indicia que cerca de metade dos inscritos iam correr a meia Maratona. Curiosamente ou não, o pelotão estava repleto de diferentes nacionalidades, obviamente muitos angolanos, também muitos portugueses, mas facilmente se detectavam franceses, espanhóis, americanos e até orientais.

Nos instantes que antecedem a partida, senti alguma pena por não estar do outro lado do gradeamento, mas se tudo correr bem, espero para o ano aventurar-me em distâncias maiores, e poder experimentar também em Luanda.

A partida é efectuada muito perto do Porto de Luanda, o que pressupõe percorrer toda a marginal, ao longo da Baía, inverter no final desta junto ao Forte do Baleizão, e voltar novamente a fazer o retorno junto ao Porto para os últimos 2 Km até á praça dos eventos.

Dá-se a partida e a confusão é grande, mesmo com a divisão física entre as duas corridas, os primeiros metros são característicos, há que passar os mais lentos, os carrinhos de bébé e os miúdos em bicicleta (relembra-me a confusão da Meia de Lisboa, mas em pequena escala) para encontrar um grupeto ao mesmo ritmo.

Depois das necessárias ultrapassagens, e praticamente a entrar no 2º Km, acelerei para ganhar espaço, nessa altura cruzo os da dianteira que já correm em sentido contrário (dá para medir a nossa colocação no imenso pelotão), e encontrei então um casal de portugueses que mantinham um ritmo forte mas que fui conseguindo acompanhar. Rapidamente chego ao retorno, penso que 1/3 já está e tenho mantido um andamento muito rápido. Vou ultrapassando os designados "aventureiros" que arrancam cheios de força, mas que chegam ao 3º Km todos rotos... vou brincando com eles puxando e incentivando-os.

Já se vê a rotunda junto ao Porto de Luanda, mas o cansaço começa a alertar que o ritmo é demasiado, há que desacelerar um pouco e controlar a respiração, logo após o retorno, o casal de portugueses passa por mim, a rapariga muito mais fresca que o companheiros, e garantidamente mais fresca do que eu.

Com um ritmo mais baixo, mantenho o andamento junto a dois companheiros que se vão incentivando mutuamente, falta pouco, meia avenida, pouco mais de 1 Km...

Junto á meta já se acumula muita gente, familiares, amigos ou simples espectadores que incentivam os participantes, curva á direita e entro na passadeira "amarela" (porque a "vermelha" é para a Meia), o cronómetro marca menos de 30 minutos... chiça, grande ritmo. Finalizei com 29:30 o que corresponde a menos de 5 min/Km ... muito bem, objectivo alcançado.

Depois de restablecido e refrescado, é altura de dirigir-me para a zona de passagem dos participantes na Meia, porque dentro de minutos vão começar a passar e temos que os apoiar e incentivar, tal como gostaria que me fizessem também.

Foi uma grande experiência, numa paisagem fabulosa com uma excelente organização. Parabéns DomingosCastro, para o ano vou certamente fazer a Meia, podes crer.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

I’m Running in the Rain…




Parece impossível que em pleno verão, numa época de habitual grande afluência às praias, uma enorme chuvada tenha desabado sobre Lisboa, surpreendendo tudo e todos aqueles que se inscreveram para a Corrida 10k da UNICEF.

Logo ao sair de casa, presenciei um tempo horrível, frio, nublado e chuvoso, questionando-me logo de seguida se não deveria era voltar para a cama e deixar-me de corridas à chuva. Mas não, continuei a alimentar a eterna esperança que as condições climatéricas melhorariam, e lá fui aventurar-me em mais uma prova de 10k desenrolada no centro da cidade.

Considerando que a prova terminaria nos Restauradores, fui deixar o carro o mais perto possível da chegada, de forma a poder regressar tranquilamente após a corrida, e dirigi-me para a partida de Metro, outros companheiros faziam o mesmo, meia dúzia de doidos como eu salientavam-se nas vazias carruagens entre o Marquês e Entrecampos.

Quando cheguei o cenário era desolador, umas centenas de participantes escondiam-se sob as varandas dos prédio ou nas paragens de autocarros, procurando abrigarem-se da chuva que continuava a cair copiosamente… Apenas alguns aventureiros mais corajosos faziam já o desejado e necessário aquecimento, muitos deles protegidos por ponchos, blusões e tapa-chuvas, procurando minimizar as desprezíveis condições climatéricas desta manhã. Faltavam menos de 15 minutos para a partida quando, mesmo sob os aguaceiros que teimosamente persistiam em cair, o pessoal foi-se agrupando junto ao pórtico de partida, onde o ensopado speaker esforçava-se em manter aquela gente motivada e alegre.

Uma das grandes novidades desta prova, que me chamou mais a atenção, foi a existência de um conjunto de “corredores teasers” que iriam sinalizar os diferentes ritmos de andamento (através de estandartes identificativos do tempo aos 10k), estipulei ali que, se tudo corresse bem, seria uma excelente oportunidade para avaliar o meu melhor ritmo, manter o teaser dos 50min sempre à vista e fugir dos 60min o mais possível… O meu objectivo para esta corrida estava definido, vamos embora então.

Logo que a partida foi anunciada (pela mítica Rosa Mota) e o pelotão dirigia-se para o Saldanha, percorrendo a Avenida da República bastante molhada e cheia de poças de água, procurei um ritmo agradável muito perto da “tal bandeira dos 50min”…. Ao entrar no primeiro túnel (sob a Av. Berna), deparei com o Jorge Máximo, Vereador do Desporto da CML, que também participava e com quem troquei algumas palavras, procurando distrair-me do horrível tempo que continuava a fazer-se sentir.
Após sair do túnel, perto do cruzamento com a Av. Elias Garcia, deixei-o para trás e segui no meu ritmo… já os primeiros do pelotão aceleravam em sentido contrário após terem contornado no Saldanha. O ritmo era bastante agradável e a ausência de calor ajudava a puxar um pouco mais…

Quem pensa (como eu pensava) que o percurso Saldanha – Campo Grande e regresso, é fácil e agradável, pode ser surpreendido e ficar refém de uma dificuldade inesperada: o constante sobe e desce aquando das passagens pelos túneis da Av. da República e Campo Grande… a cada nova descida correspondia outra subida, o que foi deixando marcas e cansaço acumulado. Mesmo assim, no retorno aos 5k, perto da Churrasqueira do Campo Grande, onde surgia o 1º abastecimento, e apesar do desgaste, o tempo era excelente: 26min e qualquer coisa…. Nem queria acreditar… e o “teaser” dos 50min ali à minha frente não mais de 30 metros.

Mas na segunda passagem pelo túnel da Av. Brasil a coisa foi-se complicando… E logo a seguir… novo sobe e desce, sob a rotunda de Entrecampos… e a distância para o homem do estandarte azul foi aumentando rapidamente. E foi no túnel da Av. da República que o estoiro se deu… aquela última subida foi dolorosa e quando termina a subida e avisto finalmente o Saldanha, estava literalmente “sem fôlego”…

Diminui a passada, desistindo definitivamente de perseguir o longínquo “teaser” dos 50min, e apenas me preocupei em manter as pernas a rolar… com alguma desilusão fui sentido as ultrapassagens e tive a clara sensação da “quebra”, procurei um ritmo mais baixo marcado por alguns companheiros que também seguiam em dificuldade. Felizmente na entrada na Av. Fontes Pereira de Melo, novo abastecimento, e uma visão motivadora: avistava-se a estátua do Marquês de Pombal, sinal que a partir dali seria sempre a descer.

Gradualmente fui recuperando o fôlego e a passada foi aumentando, após as Picoas senti que estava mais rápido que anteriormente, controlei a respiração e aumentei a amplitude da passada… resultou.

Cheguei ao Marquês em bom ritmo, era a minha vez de ultrapassar o pessoal, com o aumento da velocidade senti cada vez mais o corpo pesado da t-shirt completamente encharcada pela chuva que continuava a cair, mas faltava pouco e era sempre a descer… Olhei para o relógio que marcava 48min, senti que podia bater o meu RP… um último esforço pela Avenida abaixo.

Digam o que disserem, a Avenida da Liberdade é uma das artérias mais bonitas do Mundo, mesmo em dia de chuva, aquela larguíssima avenida, vazia de carros e da poluição, era um agradável promenade para quem dava o máximo para queimar os últimos metros da corrida.


Cheguei exausto, encharcado até ao âmago, mas satisfeito e bastante feliz… para além do agradável percurso (mesmo com o horrível sobe e desce dos túneis), consegui bater o meu recorde pessoal, e até com uma interessante vantagem, cruzei a linha com 52:06, o que indicia que, com menos chuva e mais uns treinos (especialmente rampas), posso estar muito perto de fazer os 10k abaixo dos 50 minutos, um objectivo para perseguir após as merecidas férias de verão. Até Setembro.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Yes, we Run !



Manhã soalheira e com temperatura bastante agradável para a prática desportiva, foi o que me esperou ontem para a participação na corrida We Run da "Wall Street English" que se realizou na zona ribeirinha entre Alcântara e Belém.
Por ser realizada na habitual zona de treino e porque agregava igualmente uma caminhada de cerca de 3,5 Km, consegui convencer o meu companheiro de treinos e as respectivas "partneres" para mais esta aventura.

Apesar de ter sido uma corrida com reduzida participação (pouco mais de 300 participantes nos 10k), houve bastante alegria e boa disposição à mistura. E a conjugação de todos os factores também era muito favorável: Sol, temperatura amena e um percurso plano e demais conhecido.

Com uma semana muito exigente a nível profissional, aliada a um ligeiro problema num pé, o registo de treino da última semana foi praticamente nulo, o que me impediu de aproveitar a excelente conjectura para tentar bater os meus records. Dessa forma, decidi aproveitar esta prova para treinar um pouco mais a sério e ajudar o meu companheiro Pedro a exceder-se e baixar o seu tempo aos 10k para menos de 1 hora.

A partida foi dada junto ao Rio, perto do "Café In", voltando à direita para os viadutos metálicos de Alcântara onde se fazia a inversão de sentido, em direcção a Belém.
O primeiro Km foi bastante rápido, abaixo dos 5 min/Km, mas logo após o retorno em Alcântara, resolvi abrandar e ficar a puxar pelo Pedro, que se ia entretendo com o seu medidor de pulsações, procurando manter-se abaixo das 180 p/min.

A primeira metade da corrida foi agradável, num ritmo moderado, acompanhando alguns grupetos que mantinham velocidade idêntica. No entanto, aquele agradável sol matinal ia aquecendo e começava a fazer estragos... Na entrada para o 6º Km, perto do Padrão dos Descobrimentos, o reabastecimento já era desejado. E logo após o retorno, em frente à Vela Latina, lá aguardava por nós a maravilhosa garrafinha de água.

A frescura da água ajudou a manter o ritmo por mais umas dezenas de metros, mas o calor e o cansaço iam-se fazer notando, as pernas doíam e o Pedro estava no limite. A solução seria baixar mais um pouco o ritmo. Alguma distracção aquando do cruzamento com os participantes na caminhada, na procura das "caras metades" por entre uma multidão bem disposta e apoiante... mas nada. Ou seguiam em bom ritmo lá na frente, ou ficaram na esplanada à espera do final, pensei eu...

Quando entrámos no 7º Km, e após ultrapassar um casal que ia em quebra, apercebi-me que o Pedro tinha "estourado" e já não conseguia manter o ritmo, perguntei-lhe se queria água, percebendo que o que ele mais desejava era cortar já ali caminho para o final. Vamos embora que está quase, quando passávamos perto da zona de meta, faltavam pouco mais de 2 Km, ir a Alcântara e voltar.

Mantive o meu ritmo, nunca perdendo de vista o meu companheiro, sofrendo bastante com o calor que se fazia sentir, no entanto logo após o retorno, surge uma desejada mas curta sombra, cerca de 200 metros, ao longo das traseiras dos bares das Docas, foi tempo de recuperar e acelerar um pouco, até onde as forças permitiam, já se via de novo a zona da meta e muita gente já terminando.

Após a tombada placa dos 9Km, e apesar do esforço, o ânimo regressa quando curvamos à esquerda para a interminável recta da meta, onde a confusão é geral, entre os que já terminaram, os que regressam da caminhada, os habituais transeuntes que fazem o seu jogging matinal e os que se esforçam até ao limite das forças para os últimos metros, como eu.

Olhando para o cronómetro oficial, fiz um último esforço para tentar entrar ainda no minuto 55, mas foi em vão, tempo oficial 56:00 (158º lugar),  menos 7 segundos que o registado no meu Runtastic. Mesmo assim, nada mau para uma corrida onde a falta de treinos e o calor foram os principais adversários. Mas onde o principal objectivo estipulado foi alcançado, apenas 8 posições atrás de mim o Pedro conseguiu terminar com 56:27, excelente tempo, parabéns !

Chegado a casa, ainda a recuperar do esforço, enquanto registo os tempos no meu calendário de corridas, eis que deparo com mais um desafio, a corrida 10k da UNICEF, inscrição efectuada e foco na semana de treinos porque esta é já no próximo Domingo.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

Real corrida em Londres


Foi uma grande aventura, meter-me no avião para ir até Londres participar na BUPA 10.000, uma corrida de beneficência que envolveu cerca de 20.000 pessoas num ambiente fabuloso e realizada nos locais míticos da capital inglesa.

A vontade em participar numa prova no estrangeiro era algo que me vinha perturbando há já algum tempo... e após alguma pesquisa, encontrei a oportunidade ideal. Aproveitando uma deslocação profissional, voei para Londres para a minha estreia internacional. Consegui convencer dois amigos a acompanharem-me nesta aventura, o que tornou este fim de semana inesquecível.

Tudo começou com o inusitado "estágio"... realizado na véspera, num típico pub inglês em Covent Garden a assistir à coroação do Real Madrid como vencedor da Champions League em futebol. Entre uma multidão eufórica de espanhóis e ingleses, com umas "pints" a ajudar e fiesta madrilena em Picadilly Circus até às tantas, esta foi uma magnífica preparação para a prova do dia seguinte.

Sem retirar o valor às boas organizações de provas nacionais, a BUPA 10.000 é um evento extraordinário, com uma organização exemplar, tipicamente à inglesa, onde todo e qualquer pormenor é considerado à exaustão. Mais não seja para testemunhar esta excepcional organização britânica, já valeu a pena participar.
Tudo se inicia em Green Park, junto ao palácio Real Britânico de Buckingham, onde é instalada a enorme feira da corrida com balneários, casa de banho, guarda roupa, locais de aquecimento, informações, abastecimento de líquidos, e muita animação. Depois é só seguir as inúmeras placas informativas que direccionam participantes e público para as diferentes áreas e locais.

Depois dos excessos da noite anterior, nada como levantar cedo e ao dirigi-mo-nos para o local da prova, aproveitamos para fazer o aquecimento através de Hyde Park, onde dezenas de pessoas aproveitam a manhã deste Domingo solarengo para correr e andar de bicicleta. Como participantes não-ingleses (ou "overseas runners" como referido na placa informativa), tivemos que levantar os dorsais na tenda da organização, onde fomos simpaticamente recebidos. Depois foi só sentar na relva e preparar o chip e os dorsais para a grande aventura.

A partida da BUPA 10.000 é dada por "slots", ou seja, em 16 partidas onde se agrupam atletas pelas suas expectáveis marcas aos 10k, como tínhamos decidido fazer a corrida juntos, ignorámos a diferenciação e partimos de um dos "slots" mais atrasados. Em pleno The Mall, de costas voltadas para o majestoso Buckingham Palace, encontrá-mo-nos no meio de milhares de participantes, na sua maioria apoiantes de causas ou associações beneméritas. Curiosamente quando é dado o tiro de partida da nossa "slot", estávamos na primeira linha e com cerca de 200 metros de terreno livre até à "slot" antecedente... foi o momento do dia !!! Arrancámos "a fundo" e pulámos, gritámos sozinhos os três, naquele palco invejável, perante centenas de espectadores que se divertiam com o entusiasmo daqueles três malucos...

Quando passámos sob o "Admiral Arch" e entrámos em Trafalgar Square, já íamos acompanhados, quer por companheiros da "slot" que tinham um bom andamento, quer pelos mais atrasados do anterior grupo. Foi tempo de suster a euforia e pensar apenas na corrida e no maravilhoso percurso que estava à nossa frente. Descemos Whitehall apinhado de gente, virando à esquerda para o Tamisa onde alcançamos o 1º Km.
O percurso ao longo da margem esquerda do Tamisa é excepcional, sempre acompanhados por milhares de apoiantes, bandas de música e muita animação no denso e heterogéneo pelotão de corredores que obrigou a um contínuo zigue-zague na ultrapassagem dos mais lentos.

O segundo Km é ultrapassado após a estação de Charing Cross, onde passamos sob a Waterloo Bridge, mais à frente o primeiro abastecimento, e o 3º Km marca a viragem para o interior, junto à estação de Blackfriars, onde mais bandas de música animam a nossa passagem. Nesta fase da corrida, com as ruas mais estreitas, as ultrapassagens são mais difíceis e perigosas o que obriga a uma constante e desgastante alteração de ritmo ao fazermos gincana entre os companheiros mais lentos.

O 4º Km é percorrido em plena City, por Cannon Street e Leadenhal Market, num ambiente bastante agradável e onde a passada era exigente (cerca de 5min/Km), mas continuávamos juntos e divertidos. Um pouco antes da Torre de Londres atingimos metade da prova e fazemos inversão de sentido, regressando a Cannon Street a caminho de Victoria Embankement, passando junto à Catedral de São Paulo.

De facto, a BUPA 10.000 não é apenas uma corrida urbana, é essencialmente um roteiro turístico excepcional na mais famosa capital Europeia.

Com o 6º Km vem novamente o abastecimento, e em boa hora, já que o zigue-zague constante e o elevado ritmo imposto pelos meus companheiros foi fazendo mossa... Km 7... Esta fase torna-se mais difícil, e começo a sentir os joelhos a queixarem-se... uma "moínha" em cada passada... Continuando junto ao Tamisa, procuro pontos de distracção e alheamento ao cansaço que se instala... olho para a esquerda e fito o fantástico London Eye, ali perto... do outro lado do rio, o que me agrada pois estaremos perto, uma palavra de ânimo do Hugo dizendo-me: "já passámos o Km 8, falta pouco".

E passados alguns metros, deparo com a magnânime vista do Big Ben e de Westminster, viramos à direita para a Parlament Square, apinhada de gente a apoiar, reparo na estátua de Churchill à minha esquerda e na placa do 9º Km à direita... está quase...

Quando entramos na Birdacage Walk, ao longo de St. James Park, vejo algo que só conhecia do Tour de França: placas informativas de aproximação à meta... 800 metros que faltam e mesmo no limite das forças há ânimo para acelerar... liderados pelo Marco, vamos a um esforço final.... 400 metros.... 200 metros.... uma curva à direita... eis pórtico da meta em frente ao palácio Real.... um sprint e... acabamos todos juntos, com um excelente tempo de 54:30 e uma média inferior a 5,30 minutos por quilómetro, que fantástica corrida.

Em resumo, para além de um excelente fim de semana bem passado em Londres, participar na BUPA 10.000 é uma experiência única. Uma excelente organização num percurso fabuloso e milhares de pessoas nas ruas a apoiar. Vale mesmo a pena !

domingo, 20 de abril de 2014

A (Grande) Marca Amarela



Até parece uma reprodução das fantásticas aventuras em BD de Blake & Mortimer, mas ontem em Santarém, a "Scalabis Night Race" foi realmente uma grandiosa "Marca Amarela"...
Apesar de ser apenas a segunda edição (para mim uma estreia), esta prova é uma grandiosa festa para toda a família e para todos os que nela participam. Fui experimentar, e valeu a pena. Inscrevi-me nesta prova apenas por curiosidade... por ser fora de Lisboa, por ser corrida num circuito urbano histórico e por ser realizada à noite. Fui ficando cada vez mais entusiasmado quer pelos comentários na página do Facebook, quer pela votação em vários sites como sendo esta uma das melhores corridas de Portugal.

No seguimento de uma semana "agitada" e "trabalhosa" e em vésperas de sair para o estrangeiro, o tempo para treinar foi muito reduzido, facto que me deixou um pouco apreensivo, mais ainda porque nenhum dos meus habituais companheiros de aventuras pôde participar. Mas nada disso me demoveu e, mesmo após uma noitada "das antigas".... lá consegui convencer a minha "cara metade" para ir cedinho para Santarém, só para... ver o ambiente...

Apesar de ter sido um impulso inusitado, desnecessário e até um pouco egoísta, cheguei muito cedo, ainda se ultimavam os preparativos para as primeiras corridas do dia... e deu um grande gozo ver a rapaziada mais pequena (menos de 6 anos) a correr desalmadamente durante 150 metros bem disputados... a fazer prever a fantástica organização que mais tarde iríamos confirmar. Depois de algum (excessivo) tempo de espera pela hora de início da prova, lá fomos para a zona da partida... onde uma ENORME mancha amarela se ia posicionando para o desafio dos 10 Km mais divertidos que experimentei.

Ás 21h00 em ponto é dada a partida, e a multidão arranca para uma primeira volta nas imediações do jardim, com muito público a aplaudir. A primeira passagem pela meta é feita ainda dentro do primeiro Km, onde a multidão aplaudia o pelotão e o pessoal da caminhada 5Km se ia preparando para arrancar... ainda deu tempo para mandar um beijinho para a minha única e melhor apoiante....

O percurso impele-nos para Sul, em direcção à praça de touros e ao CNEMA, são os primeiros quilómetros e o pelotão ainda está muito compacto, o que obriga a manter um ritmo mais irregular e a ziguezaguear por entre os mais lentos, mas o ritmo é agradável e a animação é grande... até os policias espalhados ao longo do percurso apoiam e puxam pelos participantes. Após o retorno vem a placa dos 4 Km's, e é já muito perto do Centro Histórico que surge a primeira surpresa: o abastecimento era de... Vinho Tinto... em vez da habitual garrafinha de água... um grupo de voluntários, à porta da Taberna do Quinzena, oferece copos de vinho tinto aos corredores... venha de lá esse tinto !!! Dou um par de goles e vamos embora que a estrada está livre e ainda falta muito. Por entre as ruas estreitas do centro histórico, em direcção ao Jardim das Portas do Sol, local bonito e agradável (com uma excelente vista nocturna sobre a lezíria do Tejo) passamos a marca dos 5KM e onde se faz finalmente o merecido abastecimento (agora sim de água).

O regresso das portas do Sol é efectuado novamente pelas ruas estreitas do centro, onde algures nos cruzamos com o pessoal que faz a caminhada. É nesta fase que o cansaço se começa a sentir e torna-se necessário encontrar um apoio no meio do pelotão... o que não é difícil... basta seguir uma camisola amarela... Mas curiosamente, a minha referência é uma camisola vermelha do .. "Nico Gaitán"... (???)... Sim, um companheiro que enverga uma camisola nº 20 do Benfica, segue à minha frente já há algum tempo com uma passada agradável e fixo-o como "lebre"... assim foi durante um par de Km's até às imediações do próximo ponto de passagem onde, pelo simbolismo e também pelo cansaço acumulado ao fim de 8 Km's (com um surpreendente tempo a rondar os 45 min), uma nova surpresa nos aguarda... vamos atravessar o mítico quartel da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, local de onde partiu o capitão Salgueiro Maia para fazer a Revolução de Abril em 1974... é ali, com a parada toda iluminada e ao som do "Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, que senti a verdadeira mística daquele local histórico e lá consegui rebuscar forças para atacar o último Km.

A entrada na Avenida que antecede a meta é o sinal desejado para um último esforço, uma pequena aceleração (a possível) junto à rotunda para ultrapassar alguns companheiros mais debilitados e a entrada triunfal na recta da meta para terminar com "uma grande Marca"... um "fabuloso" record pessoal de 53 minutos e 52 segundos.... Que fantástico resultado para aquela que foi a minha primeira experiência nocturna. Para o ano não falto ! A Scalabis Night Race merece.

domingo, 16 de março de 2014

Um Mar de gente sobre a Ponte


Pois é, 16 anos depois, regressei à mítica prova da travessia da Ponte 25 de Abril... A Meia-Maratona de Lisboa (no meu caso a Mini) é a prova de referência em Portugal, por vários motivos: desde o desafio em atravessar a belíssima ponte sobre o Tejo, pelo trajecto agradável e fácil para todos os que se iniciam (ou retomam) esta actividade de correr, pela excelente organização... e considerando ainda o contínuo record de participações: cerca de 38.000 pessoas atravessaram a ponte esta manhã.

Foi mais um dia (manhã) bem passado, mais do que um esforço competitivo... O Mar de gente que me envolveu desde logo cedo, mesmo quando saía de casa, foi o mote constante durante toda a manhã.
Certamente que o facto de residir a escassos metros da linha de chegada ajudou-me a criar uma motivação extra para esta prova que tão boas recordações me traz. Desde a última prova que tenho direccionado os treinos para esta agradável participação, por agora contento-me apenas com os 8 Km da Mini (para mim um "dejá Vú") e até consegui "arregimentar" alguns amigos para esta aventura.

A grande exigência desta prova é declaradamente a logística... De saber colocar o carro em lugar estratégico (à porta de casa) para poder deslocar-me após a prova, procurar a melhor opção de transporte para a zona da partida, e sobretudo, saber deslocar-me... antes, durante e depois da corrida... por entre um autêntico mar de gente. Esse sim, foi o grande desafio desta manhã.

Para que não estivesse sujeito a incómodas surpresas, cedo decidi que o transporte para a partida seria no comboio da Fertagus, preferencialmente a partir de Entrecampos. E assim foi, conseguindo uma amorosa boleia até à estação, fui experimentar pela primeira vez, atravessar a ponte de transportes... a viagem foi rápida numa carruagem de 2 pisos completamente lotada de companheiros de corrida. Depois foi seguir a gigantesca mole humana durante 15 minutos até à praça da portagem, onde milhares se amontoavam, aguardando pelo tiro de partida.

O nosso grupinho (éramos apenas 4) posicionou-se sensivelmente a meio daquele imenso mar de cabeças, debaixo de um sol radioso que começava a aquecer, observando tudo o que nos rodeava enquanto aguardávamos pelo momento da partida. Foram momentos incríveis... gente de todas as idades, uns bem preparados, outros nem por isso, gente de todo o mundo, mas todos bem dispostos.

Quando suou o imperceptível tiro de partida, consegui vislumbrar o arranque fulminante do grupo dos favoritos (quenianos e companhia), mas andar para a frente ? ... nada ! continuava imóvel no mesmo sítio... e o relógio a contar... Finalmente, alguns minutos depois, a malta à minha frente começou a ... andar... devagar, muito devagar...

Despedi-me dos companheiros de viagem e tentei "furar" por aquele imenso mar humano. Passaram quase 5 minutos e ainda não tinha chegado ao tabuleiro da ponte... Uma vez mais, apenas liguei o "Runtastic" quando passei sob o pórtico da partida, à entrada do tabuleiro.

Durante os primeiros 3 Kilómetros foi um constante e perigoso ziguezaguear por entre milhares de participantes, procurando as zonas do tabuleiro da ponte mais disponíveis, mas sempre encontrando diferentes andamentos e trajectórias, não tendo sido uma fase difícil, foi bastante "trabalhoso"... ultrapassar os mais lentos e procurar quem estivesse em andamento semelhante. Foi ainda nesta fase que nos cruzamos com figuras e participantes mais "turísticos" cujo objectivo é igualmente animar o gigantesco pelotão, como seja o batalhão do BOPE (um conjunto de policias de elite brasileiros que numa passada ordenada e regular, entoavam os seus cânticos guerreiros), ou como uma família de alemães, todos equipados a rigor que seguiam em linha, criando uma barreira a quem queria ultrapassar, ou ainda um grupo de franceses onde seguia um individuo ostentando uma t-shirt da famosa "Marathon dú Médoc" (ainda ei-de lá ir um dia...).

Quando abandonamos a ponte seguindo em direcção a Alcântara, começa a surgir algum espaçamento entre participantes, não é muito ainda, mas já permite manter um andamento regular sem andar a fazer gincana... Inicia-se a descida, o ritmo da passada aumenta, e é hora de fixar alguém para acompanhar. No final da descida, surge a primeira assistência que efusivamente aplaude os corredores, foi a melhor fase da corrida, ainda fresco e com espaço para "apertar" um pouco o andamento, passando entretanto pelo ponto de abastecimento na Rua de Cascais.

Uns metros à frente, surge a divisão dos trajectos (Meia para a esquerda em direcção ao Cais do Sodré e Mini para a direita, directamente para Belém), mais à frente julguei reconhecer alguém... e era mesmo, a Helena, minha colega de faculdade que habitualmente não falha esta prova, um "olá Helena"... ela ainda responde mas eu já vou mais à frente... O meu andamento nesta fase era bastante agradável (a menos de 5 min/Km) enquanto passava sob um dos pilares da ponte (olhando para cima vi que o tabuleiro continuava cheio de gente), local que utilizamos como ponto de retorno dos treinos ribeirinhos. Assim está fácil, só falta metade, pensei para comigo, isto faço eu quase todos os dias, vamos embora então... Mais ânimo para o pouco que falta: um grupo de rock cantava AC/DC à nossa passagem, mais à frente a história repetia-se, mas com outra melodia.

Este ânimo começou a vacilar com a chegada ao Km 7, após a Cordoaria, senti uma quebra... o andamento já não era o mesmo, já não tinha água, o calor fazia-se sentir e a respiração não ajudava... mas só faltava mais 1 Km... só mais um esforço...

Com a chegada à zona de Belém, novamente o público marcava presença, e a passagem sob os pórticos de publicidade junto à estação ferroviária anunciavam a proximidade da meta, gradualmente começava-se a ouvir o speaker... (Neto Gomes... que saudades das Voltas a Portugal), mesmo a custo, vamos acelerar para entrar na recta da meta e ficar surpreendido pelo tempo marcado no cronometro oficial... 40 minutos. Muito bom ! 16 anos depois, e logo na primeira tentativa, logrei repetir a minha melhor marca desta prova, tempo oficial "Runtastic": 40:59 para os 7,86 Km. Correu muito bem, e apesar de algum esforço no final, fica a sensação que... foi mais rápido do que o esperado...  e vamos melhorar ainda mais no futuro.

Parabéns à organização, mais uma vez excelente, parabéns à Ana e ao Pedro, conseguiram chegar juntos e bem dispostos, e sobretudo parabéns às restantes 38.000 pessoas que partilharam comigo esta alegre, agradável e solarenga manhã de Domingo.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tempor(e)al na Costa da Caparica


E finalmente chegou o dia da minha "estreia"... foi ontem no Grande Prémio do Atlântico, foram 10Km na bela localidade da Costa da Caparica.

Confesso que estava um pouco nervoso e receoso de algum infeliz contratempo que prejudicasse a primeira prova que realizo em mais de 10 anos... Talvez por esse motivo, e porque devido às intempéries da última semana onde a minha quilometragem de treino foi 0 (zero), resolvi fazer um reconhecimento prévio do percurso na véspera... acabei por fazer 7 Km e afastar um pouco o nervoso miudinho e os receios de não conseguir, o percurso era excelente, bastante plano e a paisagem agradável.

Consegui convencer o Marco (um colega que habitualmente participa nestas provas) a vir também, o que me deixou um pouco mais tranquilo e descansado face a este novo desafio. Chegámos cedo, já com os dorsais preparados (levantados na véspera), fizemos um final mas breve reconhecimento dos principais pontos do percurso (ainda de carro). Depois da trabalhosa, a ainda inábil (no meu caso) preparação de todo o equipamento (dorsal, chip, óculos, MP3, gorro, chaves do carro, etc.), demos uma volta na zona da Partida / Chegada.
Uma fila enorme de participantes aguardava pacientemente para levantarem os seus dorsais em frente à sede do Núcleo Sportinguista da Costa da Caparica... era muita gente. A organização anunciou mais de 1500 inscrições.

Com o aproximar da hora da partida, e enquanto o Marco fazia o seu aquecimento, fui observando a "concorrência"... novos, velhos, magros, gordos, jovens e até alguns estrangeiros... e pensei para os meus botões: "no meio de tanta gente, haverá certamente quem corra ao meu ritmo"...
Subitamente dei de caras com o Nuno, um amigo de longa data que também retomou estas aventuras das corridas recentemente, foi um reencontro agradável e serviu para relaxar e conversar sobre outros assuntos, ambos estávamos tão entretidos cá no fundo da rua que nem nos apercebemos que a prova já tinha começado... Epá !!! a malta já está a correr, vamos embora.

Como estratégia, apenas liguei o Runtastic quando passei sob o pórtico da partida (já tinham passado mais de um minuto e uma grande multidão à minha frente), vi o Nuno acelerar e passar por aquela multidão encostadinho aos prédios galgando o passeio, "Tchau Nuno, pensei... vêmo-nos no final certamente".

Os primeiros 2 quilómetros são curiosos... por um lado há o receio do excesso de entusiasmo e hipotecar a fase final da prova, mas por outro, mesmo que queiras não consegues "furar" pelo meio de um ainda muito compacto "pelotão de corredores" sem ziguezaguear, portanto a estratégia foi seguir calmamente atrás de alguém que marcasse a passada e, caso a oportunidade surgisse, ultrapassava e perseguia a próxima "lebre"... Como por exemplo um "velhote" na casa dos 70 que seguia à minha frente durante alguns metros com um ritmo certinho que nem um relógio suiço, "parabéns amigo, gostava de chegar à sua idade com esta dinâmica".

Foi ainda nesta primeira parte do percurso, pela Avenida principal na direcção do Bairro dos Pescadores, que senti maior afluência de público a apoiar aquele pelotão da rectaguarda onde o espaço entre corredores era agora mais visível. Quando virámos em direcção à Marginal, junto ao parque de campismo do CCA, aproveitei a ligeira subida para confirmar que estava em boas condições, estávamos muito perto do Km 3, altura em que havia muita gente a quebrar o ritmo, o entusiasmo de ultrapassar uma série de gente dá ânimo para uma pequena aceleração e procurar a passada certa para prosseguir.

Perseguindo um grupeto da equipa do Banif/Açoreana que marcava um ritmo muito semelhante ao meu, mantive-me por ali, percorríamos agora a Avenida Marginal da Costa (por impossibilidade de seguir pelo paredão, devido à destruição feita pelo temporal dos últimos dias), passávamos pelo Hotel da Costa e pelas Pizzarias, numa zona que já me era mais familiar, por onde tinha feito o reconhecimento na véspera e onde surgia novamente algum público, foi a melhor fase da corrida. Depois de passar o Km 4 e atravessar o parque de estacionamento atrás do "Barbas" entrámos numa agradável rua interior onde se situava o abastecimento e a marca dos 5K (já só falta metade, e ainda me sinto bem). Oppss... a mesa do abastecimento não tem águas ????  Chiça !!! os gajos da frente "comem tudo e não deixam nada", tive que parar e baixar-me para apanhar uma garrafinha que estava tombada no chão. Olha, afinal havia aqui outra "banca" de abastecimento 50 metros mais à frente... Um gole de água, lavar a boca sedenta e deita fora para não pesar.

Entrámos então na Avenida Afonso de Albuquerque na direcção da Trafaria, só faltam 2 quilómetros para o retorno (valeu a pena fazer o reconhecimento na véspera). O ritmo era agradável e constante sem grandes "loucuras" porque ainda faltava "aquela" subida e as pernas já pesavam... Mesmo assim ia ganhando lugares àqueles que, fruto do excessivo entusiasmo ou falta de andamento, ficavam para trás. No MP3 tocavam os Xutos: "À Minha Maneira", tema bastante adequado... Foi rápido, acabei de passar pela marca dos 6 Km e já se via ao longe a pequena rotunda que antecedia a ligeira subida onde retornaríamos, em sentido inverso seguiam já os "aceleras", não vislumbrei nenhum dos meus companheiros mais adiantados...

Pelos meus cálculos (e segundo o Runtastic) estaria muito perto do Km 7, mas nada do placard indicativo... começou a subida e a coisa... complicou-se... a respiração era mais exigente e o peso nas pernas cada vez mais acentuado... Há que encontrar distracção e motivação. Voltámos a cruzar os corredores mais adiantados que após o retorno antes de entrarem numa rua de vivendas à direita, cumprimentavam-nos incentivando na ajuda à subida. Estava a chegar à porta de casa do meu amigo Rui, local onde frequentemente organizamos grandes comezainas e jantaradas, bem regadas e com uns maravilhosos percebes que ele apanha nas Berlengas, foi mais um potencial foco de distracção perante aquela pequena mas infindável subida, mas.... nada do Rui... certamente não estaria em casa. Enfim, vamos continuar, está quase... Ao meu lado um camarada sofria igualmente com o desnível... impressionante, em cada passada que dava soltava um sonoro "Ai", mas seguia por ali fora: "Ai", "Ai", "Ai", ... e por mim passou, mesmo em cima da rotunda que definia o retorno.

Sentido descendente, o ritmo é menos exigente mas a subida deixou estragos... procurei recuperar a passada e a respiração mais adequada, mas as pernas pesavam toneladas. Faltam cerca de 2 Km (mais uma vez, nada de placa informativa dos 8 Km... estava lá mas eu não a vi), agora que falta tão pouco não posso vacilar... Conferi o tempo e estava em cima dos 50 minutos... mau !!! Senti que tinha o meu objectivo da Hora em risco... Surgiram então a meu lado um par de atletas do Banif/Açoreana, provavelmente os mesmos que eu tinha deixado para trás na zona dos abastecimentos... mas eles vinham fresquinhos, em amena cavaqueira e num ritmo que me agradava, colei-me a eles para atacar o último quilómetro.

Este último quilómetro, que parecia interminável (toda a gente concordou que tinha mais 200 metros), era uma linha recta e já se viam em sentido contrário todos aqueles que já tinham terminado a prova e regressavam aos seus carros, alguns já com a mítica t-shirt da prova vestida, as palavras de incentivo agora eram mais agradáveis: "Força, é já ali na curva".... Pois, isso eu sabia... mas onde estava essa maldita curva ?
Surgiu então o Marco à beira da estrada, já tinha terminado a prova com um tempo canhão abaixo dos 49m (o seu RP), perguntou-me se estava OK e se queria água... respondi-lhe que não, apesar do cansaço, agora tinha que acabar dentro do meu ritmo. Quando finalmente a famosa curva surgiu, por entre uma multidão de atletas já chegados, olhei para o cronómetro oficial... marcava 00:59:56 ... Epá !!! ainda vai dar..., um último esforço para o sprint final e pisar a linha de meta com os olhos no tempo... foi quase... Tempo oficial: 01:00:03.

Após a meta, lá estava o Nuno a gritar por mim: "parabéns conseguiste ao fim de 15 anos" .... concordei e senti-me satisfeito. Realmente tinha alcançado o objectivo traçado, completei a prova no tempo estipulado (Segundo o meu Runtastic tinha feito os 10,2 Km em 58:28 a uma média de 5:43/Km, Excelente).

Agora há que descansar, recuperar e atacar novamente os treinos com outra motivação porque daqui a um mês há mais corrida.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Ponto de partida



Ora bem. Já que nos vamos "aventurar" nesta mudança radical de comportamentos e hábitos de vida, há que fazer um balanço do saldo inicial. A partir daqui será feito um "reset" e uma nova vida surgirá... Para memória futura, aqui vão os indicadores de partida:

Idade: 44
Peso: 89 Kg
Colestrol: 240
Horas diárias de sono: menos de 7
Diabetes, Ácido úrico, etc... : (é melhor não falar);
Hábitos alimentares: os piores (cozido à portuguesa, favas com entrecosto, feijoada à transmontana, etc.);
Bebidas: Vinho (tinto ou branco)... em excesso, cerveja "geladinha" e uns Gin's e Vodka's ocasionais;
Mazelas físicas: 2 hérnias discais (L4/L5 e L5/S1), dores de cabeça frequentes, stress e inflamação crónica no joelho direito;
Velocidade em corrida: 7,11 min/Km

... conseguem imaginar pior ?...  veremos o resultado final...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Prelúdio...


Pois é... Há alturas da vida de uma pessoa em que temos que tomar decisões importantes. E esta foi uma delas.

Esta é daquelas que custam a tomar, hesitamos... adiamos só por uns dias... alteramos o calendário... sofre avanços e recuos... mas que depois valem mesmo a pena. É como deixar de fumar. Também foi assim, depois de 15 anos de vício e dependência, e após duas ou três infrutíferas tentivas, a coisa foi para valer ! ... Até hoje... (e já lá vão 8 anos).

Bem, a história é esta: Apesar de fervoroso adepto do desporto, nunca fui nenhum atleta, fiz aquilo que todos os rapazes da minha geração fazem, experimentam uma série variada de desportos (incentivados pelos pais ou por amigos) até encontrarem aquele que mais gostam ou para o qual têm mais jeito.

Para além do Futebol de Rua (muito popular naquela época) que jogava após as aulas, tentei algo mais sério em clubes da zona, o Futebol (para o qual não tinha jeito nenhum), o Rugby (demasiado violento para um "enfezado" miúdo de 12 anos), o Andebol (por influência dos amigos da escola), e mais uma dúzia de projectos experimentais frustados, porque o que eu queria era "curtir" com os amigos e andar atrás das miúdas da secundária.

Mais tarde, já casado e numa das tentativas de largar o tabaco, seduzido por alguns colegas de trabalho (que corriam muiiiiiito) fiz algumas corridas de estrada. Não foram muitas, mas as suficientes para me deixarem o "bichinho" das corridas populares. Tudo começou nos 15Km do 1ºMaio, estive nas primeiras minis da Ponte 25 de Abril, fiz ainda a Corrida do Tejo e a da Baía de Montegordo e algumas estafetas de Triatlo (Coimbrão, Oeiras e Alpiarça), enfim... durante um ano ou dois, senti-me um verdadeiro atleta.

Depois veio o descalabro... uma lesão no joelho, duas hérnias discais, uma vida stressante, o regresso ao tabaco e ao sedentarismo, e o fim da actividade desportiva regular (apenas intercalado com umas idas pouco frequentes ao ginásio, e umas voltinhas de cicloturismo na província).

Portanto, a decisão que tomei (se nenhum azar grave entretanto ocorrer) vai mudar novamente o rumo da minha vida sedentária e de excessos, na procura de uma actividade saudável que todos devemos ambicionar. Vamos começar a correr !!!
Utilizarei este blog para partilhar os sucessos e fracassos desta voluntária missão. Inté !!!